quinta-feira, 16 de julho de 2009

Romário e a Revolução Francesa



Ontem assisti em um jornal da noite entrevista do "Delegado" que promoveu a prisão civil por dívida do craque Romário. O baixinho havia deixado de pagar pensão aos filhos "Romarinho e Moniquinha". Um comentarista dizia que só com prisão se obtém efetividade da obrigação de pagar a pensão.
O delegado compareceu ao foco das câmeras para se mostrar como um promotor da igualdade e afirmar em palavras aquilo que teria feito com ações. Ele disse que Romário não teve nenhum privilégio e "dormiu sobre um pano, não sobre um colchão, uma espécie de pano e dividiu a cela com outros dois presos".
A matéria mostrou também a frustração de um amigo que levou "uma costelinha do jeito que ele gosta", mas que não pôde entregá-la por oposição do Delegado. Nesse mesmo instante tocava em algum lugar um celular, do outro lado da linha um traficante que ligava de dentro de algum presídio dava instruções ao seu capanga...

LIBERDADE
É absurda a manutenção em nosso sistema jurídico de prisão por dívida! Isso fere a Constituição e também maltrata a pretensão brasileira de constituir um Estado de Direito. A manutenção dessa modalidade de prisão civil significa que foi feita um opção pela propriedade em detrimento da liberdade.

IGUALDADE
O pior ponto da entrevista do Delegado foi o orgulho em narrar as condições precárias as quais Romário foi submetido. "Dormiu sobre uma espécie de pano"? Que absurdo! O preso, seja quem for, não pode ser submetido ao tratamento degradante, isso é garantia constitucionalmente positivada que também está contemplada no Pacto de San Jose da Costa Rica. Ficou muito claro que "Igualdade", hoje, no sistema carcerário e nas delegacias significa degradação da condição humana e completo desrespeito as garantias individuais.
Nosso craque, assim como qualquer um do povo, tem direito, quando preso, em dormir numa cela que lhe ofereça um colchão, um lençol e uma latrina.


FRATERNIDADE
O tratamento dispensado ao jogador Romário não foi orientado segundo o princípio da igualdade como quis fazer parecer o delegado. O baixinho foi tratado de forma mais rigorosa que qualquer um dos demais presos. Não houve respeito à sua humanidade. Deixaram-no dormir com fome para provar uma suposta igualdade através de um gesto despido de fraternidade. Será que naquela cela nunca antes havia entrado uma marmitinha para um "hóspede"? Respondam a si mesmos!


- E, delegado, neste ano comemoraremos 220 anos da Revolução Francesa!
- Viva! Liberdade, Igualdade e Fraternidade!
- Viva ao Romário! Novo mártir do Estado Policial Terceiro Mundista que aboliu qualquer garantia do cidadão!

Um comentário:

  1. Diegao,

    Muito bom artigo.

    Não conhecia seu blog.

    Excelente!!! Também não sabia que você escrevia tão bem.

    Inclui nos meus favoritos.

    Abraços,

    Hermes Murilo

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