Meu pai tem insistido para que eu lhe escreva sobre a
experiência de estar em Harvard. Também é comum tal apelo entre os pleitos do
meu nobre amigo Professor Jacarandá. Minha resposta aos dois foi a mesma, mal
temos tempo para as refeições. E isso não é exagero algum. Mas sinto-me egoísta
quando não atendendo a um simples pedido de um amigo e até pior quando tal pedido vem de meu pai. Assim, resolvi atender a todos, mas ao modo que tenho aprendido, com gestão de tempo e de forma despreendida (NON SIBI).
Vou me deter inicialmente ao Campus.
A Universidade fica na cidade de Cambridge
(Massachussets) numa região que agrupa outros Estados Americanos e é chamada de
grande Nova Inglaterra. A arquitetura é marcada por construções em tijolos
vermelhos que fazem parecer que realmente estamos na Inglaterra elisabetana.
Dentro de Cambridge há uma circunscrição chamada Harvard Square, um quadrilátero
que abriga o campus, mas também residências, o comércio e outras instalações que
embora independentes integram-se sistemicamente ao funcionamento da
Universidade.
Hoje completo um semana de estadia. Moro em um dorm - contração
para a palavra dormitory - são antigos prédios dedicados a abrigar alunos,
pesquisadores e até professores visistantes. Divido um apartamento de 100m2 e quatro quartos com outros três alunos da Universidade. Fica na rua
Plymton 26 e chama-se Adams House o nome refere-se ao segundo Presidente
americano, John Adams.
Klavs Oslen é um deputado do parlamento nacional
letônio, Jung Hung Kim, um engenheiro sulcoreano mestrando em Business e,
finalmente, Kristof Toth um americano de origem húngara que já é doutor em
química por Stanford.
As vezes me sinto no Big Band Theory, refiro-me – e os
nerds já me entederam– ao seriado . Bazinga para todos vocês. Nossa relação é
muito boa, sempre nos ajudamos no que é possível. Nossos chatings não são chatos, mas sempre muito complexos, tudo dentro do
que se pode esperar de quatro estudantes de Harvard.
Tenho aula todos os dias pela manhã e pela tarde. Todos
os dias além das aulas temos que dedicar no mínimo 4 horas aos estudos para
formar nosso groundwork e assim fechamos a conta diária de 12 horas dedicadas a academia. Os professores todos os dias decretam os assignments,
nossas atribuições de leituras, só para dar um exemplo para este fim de semana
tenho que ler todo um livro, a tale of two citys. O tempo é escasso. Nas ruas e jardins do campus
podem ser vistos alunos comendo e lendo ao mesmo tempo. Não é uma evidência de
qualquer coisa. É necessidade mesmo.
Os dogmas da Universidade não são meras palavras. São "pra valer". Honestidade, caráter, não egoísmo (unselfish), dedicação,
esforço, mérito... São essas, inclusive, as primeiras lições. Depois delas vem a
metodologia do estudo e da pesquisa. Não é bobagem como algumas instituções - principalmente particulares - fazem parecer no Brasil e nem tratam des regras bobas sobre margens e linhas pelas quais algum organismo fatura para tal – ABNT por exemplo.
Os alunos são ensinados incialmente a gerenciar o tempo, a abordar o objeto do seu estudo de forma inovadora, enfim, essa é talvez a maior preocupação acadêmica dos professores em relação a nós.
Os alunos são ensinados incialmente a gerenciar o tempo, a abordar o objeto do seu estudo de forma inovadora, enfim, essa é talvez a maior preocupação acadêmica dos professores em relação a nós.
As penalidades para maus alunos são muito simples,
exclusão (expulsão) na maioria dos casos. Maus alunos são aqueles que não cumprem as atribuições,
como as leituras por exemplo, que não participam das aulas, que faltam, chegam
atrasados. Atender o celular em sala, ou pelo menos deixa-lo tocar é punido com
conceito negativo e apreensão e perda do dispositivo. As regras são duras e
caso os alunos não concordem com elas podem estudar em outra instituição.
Há muita competitividade. Todos querem ser o melhor, mas há cumplicidade acadêmica, porque todos querem ser o melhor entre os melhores. Por todos os lados a s pessoas estão estudando, lendo, pesquisando, apresentando trabalhos, enfim...
Há muita competitividade. Todos querem ser o melhor, mas há cumplicidade acadêmica, porque todos querem ser o melhor entre os melhores. Por todos os lados a s pessoas estão estudando, lendo, pesquisando, apresentando trabalhos, enfim...
Bem, por hoje é só. Tenho um livro inteiro do Charles
Dickens para ler. Pelo menos vou fazer isso no Harvard Yard perto da estátua de
John Harvard e cercado por esquilos que invadem o campus no verão.
Não podia deixar de, citado, comentar agradecendo a lembrança e dizer q fico muito contente de ser lembrado em paragens tão místicas para os olhos de quem, a duras penas, se esforça e faz ciência nas curvas do Madeira.
ResponderExcluirLembre-se, meu caro, que em vôos tais quais o que empreendes agora, trata-se não apenas de uma realização pessoal mas de uma inserção de uma verdadeira embaixada nos lados de lá onde tudo é melhor. Nossa tarefa é nos apropriarmos de um pouco do "fogo de Zeus" e acendermos alguns lumes por aqui - protegendo, sempre, nosso bons e ainda muito resistentes fígados!
Ousadia! Para ocasiões como as que está vivendo agora, o tempo sempre é curto. Grande abraço!
Mestre Diego, muito interessantes, o blog e o texto. Vou mostrar ao meu filho, que sonha estudar em Harvard, mesmo estando com apenas treze anos. Fiquei curioso para saber o porque da leitura do livro do Dickens. Qual a abordagem que a obra tem nos seus estudos? Boa sorte e sucesso.
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