quinta-feira, 14 de maio de 2009

Crônica para recordar


Festejei meu trigésimo ano de vida. 30! É um numero alto que me faz necessariamente olhar para trás na busca do caminho já percorrido.

O primeiro passo é buscar as reminiscências da infância. A primeira lembrança. Não é possível mesmo saber qual o primeiro fato que recordo, mas o primeiro fato que vem a minha lembrança quando tento recordar é a estante de vidro da casa de meus pais virando sobre mim.

Eu fui uma criança muita ativa, como todas devem ser, em um tempo onde a calçada fazia parte da recreação. Desde pequeno gostava de desafios e numa bela manhã – acredito que fosse uma manhã – decidi escalar a estante da sala. Um móvel cuja armação era metálica e as prateleiras de vidro.

Foi uma queda e tanto. Minha mãe ficou nervosa e gritava muito dizia que eu poderia ter morrido. A televisão caiu do meu lado. Foi o primeiro contato marcante com a tv. Acredito que fosse uma Philco de caixa amadeirada e tela cinza.

A conclusão que me salta: A TV faz parte de minhas lembranças.

Quando tento mergulhar mais fundo na memória da infância me vem o rosto de um velhinho. Não, não é papai Noel, mas sim o Papa de Roma. Lembro de trechos na televisão onde foi alvejado. Tinha Xuxa na Manchete, Speed Racer e Piratas do Espaço. Nas lojas de brinquedo vendia-se o Falcon, um boneco que eu desejei antes do Atari.

O Presidente da República era um militar e cavaleiro que até dizia preferir os cavalos aos homens, seu nome João Batista Figueiredo. As pessoas não falavam muito de política, pelo menos não lembro.

E a tal União Soviética? Perguntei uma vez para minha mãe o que é comunista e se ela era comunista. Nossa ela ficou estranha. Começou a fazer perguntas. Queria saber quem havia me ensinado essas palavras. Pediu que eu nunca repetisse aquilo. Mas torcia pelos tais soviéticos nas olimpíadas. Lembro que só pude entender o que era comunismo e União Soviética quando o muro de Berlim caiu, aliás lugar que eu visitaria  mais tarde com meu pai.

Por falar nisso, tínhamos duas Alemanhas – ocidental e oriental. O Presidente americano era Ronald Reagan, um ator. Lembro de ter assistido no Jornal Nacional algo sobre uns caras que eram do “Contra” e de alguma forma relacionaram o Irã e a Nicarágua. Meu pai explicou que foi algo tão grave quanto “Water Gate”. Mais tarde, estudando historia, soube o que representou “Os contras da Nicarágua”.

Guerra nas estrelas não era só um filme nessa época. Bem antes da Kate Marrone, a televisão falava sobre uma dama de ferro, Margareth Tatcher.

Depois disso me vem a cabeça a lembrança da Carla, minha paixão adolescente que durou todo o ginásio. Certa vez convidei-a para ir ao cinema. Assistimos Instinto Selvagem com a maravilhosa cruzada de pernas da Sharon Stone, eram os idos de 1992.

Antes disso pintamos as caras e pedimos a nossa professora de História que expulsasse o Presidente, éramos pobres vítimas da Globo impressionadas com “Anos Rebeldes”.

Em 1994 meu pai deu minha primeira nota de cinqüenta Reais. Nem lembro quantas moedas manipulei antes. Foram Cruzeiros, Cruzados, Cruzados Novos, Cruzeiros Novos, Cruzeiros novamente e Cruzeiros Reais.

São sete copas do mundo, dois Papas e um Presidente Americano Negro. O mundo não acabou em 2000 e o bug  do milênio era pura balela. O mesmo Lula de 89, é finalmente Presidente, quer dizer, não é o mesmo, mas é o Lula. Os caras pintadas viraram caras de pau! Muitas outras coisas que pretendo recordar se transformaram e contrastam com minhas infantis lembranças. O exercício da memória passa a ser algo extraordinário.

Um comentário:

  1. É vero, tempos que não voltam. Criança se preocupava apenas em como, quando ganhar seu Lego. Lembranças, nostalgia, no entanto hoje temos todo o amanhã pela frente hehe. Vê-se que há muito sua inclinação à política se denotava Diego.
    Um abraço,
    Deixo um convite especial ao amigo, visite-nos na Igreja Cristã Maranata na Rua do Colégio Objetivo - Jardim Anérica.cultos às 19:30.

    Vinícius

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